Vestiu-se de nevoeiro e foi dançar
pés de musgo
mão na anca e outra estendida no ar
gotas de chuva mansa no olhar
um peso leve
acariciando a terra húmida
em passos cadenciados, improvisados
um, dois, três
para um lado e para o outro
rodopiando
um, dois, três
vertigem serena
abismo
um, dois, três
era uma vez
uma história e uma janela
promessa de amor e
o homem da vida dela
assobiando, marcando o ritmo da
melodia e da memória
e da invenção da paixão
porque real é só o corpo
mal coberto pela névoa
revelado pela noite
quase nua, quase lua
quase somente sua. Quase só.